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Cauã Reymond, o Juliano de ‘A regra do jogo’, conta que colecionava revistas masculinas e fala das fofocas: ‘Não tem como fugir’



Cauã Reymond: ator fala da relação com a filha e lembra histórias engraçadas da adolescência Foto: Roberto Moreira
Filipe Isensee

Marlon Brando morreu aos 80 anos. Um dos mais influentes artistas da sua época, colecionou glórias públicas e desgraças particulares, como aquela que se abateu sobre sua família nos anos 90. O filho mais velho do ícone de Hollywood matou o namorado da irmã, e esta se suicidou enforcada tempos depois. Ao repensar o extenuante processo, teria dito: “Preferia ter sido um melhor pai”. A frase impactou Cauã Reymond.
— É algo que penso em relação a minha filha. Quero estar presente. Espero ser o melhor pai do mundo — diz ele sobre Sofia, de 3 anos, fruto do relacionamento com Grazi Massafera, de 33.

Foto: Roberto Moreira / Roberto Moreira

As raízes da paternidade, de certa forma, conduziram a entrevista com o ator — aos 35 anos, um dos protagonistas de “A regra do jogo” —, realizada num intervalo das gravações no Projac, quase seis horas após as fotos para a capa da revista. A despeito da agenda apertada, das cenas que seguem sem cessar, o sorriso farto lhe pintava o rosto eclipsando qualquer eventual indício de cansaço. Lembrava também do homem bonito e vivaz que ele é. O brilho no olhar vinha especialmente ao falar de Sofia e da nova novela, cuja estreia aconteceu três anos após o fenômeno “Avenida Brasil”, também de João Emanuel Carneiro e do qual fez parte.
— Eu e o João temos uma química muito grande. As pessoas me dizem que eu sou o pé de coelho dele. Tomara que seja mesmo, porque ele sempre me dá sorte também — torce o ator, presente em todas as novelas do autor, exceto “Cobras & lagartos” (2006).
O Jorginho era mais desequilibrado, sentimental, cabisbaixo. Eu o via como menino, agora vejo o Juliano como homem
Cauã Reymond
As primeiras cenas de Juliano, seu personagem em “A regra do jogo”, revelavam um sujeito desamparado que, recém-saído da cadeia, tem como meta se vingar da facção responsável por sua prisão. Há quem tenha percebido nessa aparente fragilidade ecos de Jorginho — o choroso jogador de futebol e filho renegado de Carminha (Adriana Esteves) —, considerado a verdadeira mocinha da trama na época. A brincadeira, Cauã defende, não deve se repetir aqui.
— O Jorginho era mais desequilibrado, sentimental, cabisbaixo. Eu o via como menino, agora vejo o Juliano como homem. Coloquei como desafio pessoal tentar criar empatia com o público. Fazer um mocinho forte. Tenho admiração por ele, me sinto inspirado. Acho bonito ele ser um cara com ideologia, porque sou de uma geração sem ideologia se comparado a meus pais. É um cara que acredita em algo além de carreira, sucesso, dinheiro, beleza, namoro... O Juliano tem muito mais ideologia do que eu — constata.

Cauã Reymond contracena com Murilo Benício em “Avenida Brasil”
Cauã Reymond contracena com Murilo Benício em “Avenida Brasil” Foto: João Cotta/Rede Globo/Divulgação

A sabedoria dos maduros parece mesmo ter irrigado o que era antes apenas uma farta terra de inocência. Cauã se transformou aos olhos do público e dos colegas — em retrospecto, o Maumau de “Malhação”, sua estreia na TV em 2002, rabisca apenas o esboço gentil do intérprete sagaz que se tornou. Em depoimento à Canal Extra, Juliano Cazarré lembra que ele “teve uma atuação brilhante em ‘Se nada mais der certo’ (ótimo filme de José Eduardo Belmonte) e de lá para cá só melhorou”. “É um ator extremamente focado, que se joga completamente nos personagens que representa”, enfatiza Patrícia Pillar, sua colega em “A favorita” e na minissérie “Amores roubados”. Amora Mautner, por sua vez, ressalta que o jovem se tornou grande no delicado ofício de dar vida a tantos tipos e gentes.
Cauã tem alma, profundidade, consistência e uma loucura que ele deixava guardada
Amora Mautner
— Cauã tem alma, profundidade, consistência e uma loucura que ele deixava guardada (risos). De um tempo para cá deu vazão à liberdade, e tenho me surpreendido a cada dia com ele. Amo e admiro muito esse homem que conheci menino — elogia a diretora de núcleo do atual folhetim das nove.
As folhas da juventude revelam histórias curiosas sobre o ator, quando a fama não era sequer um retrato imaginado. “Carro” foi a primeira palavra dita por Cauã — muito pequeno, aliás, ele cultivou o hábito de dormir no Corcel do avô. Filho de pais separados, o ator era aquele tipo de aluno sempre convidado a se retirar das salas de aula, sendo algumas vezes expulso das escolas. A bela professora de Inglês foi a vítima de uma de suas rebeldias mais famosas.
— Ela era a professora mais linda que tinha. Eu e meus colegas colocamos ketchup na cadeira dela. Estávamos descobrindo o que era menstruação na época. É uma coisa que Freud explica. Fiquei alguns dias em casa — conta, divertindo-se com a brincadeira do passado.

Tóia (Vanessa Giácomo) e Juliano (Cauã Reymond): casal em “A regra do jogo”
Tóia (Vanessa Giácomo) e Juliano (Cauã Reymond): casal em “A regra do jogo” Foto: Alex Carvalho / Rede Globo / Div / Alex Carvalho/Rede Globo/Divulgação

Na época, a musa do ator era Luma de Oliveira. Despachado, ensaia repetir a pose que tanto chamou sua atenção quando folheou a “Playboy” — nela, a modelo está numa banheira, com os pés para fora, uma imagem fértil no imaginário do então adolescente.
Todas as meninas que saiam na “Playboy” eram musas para mim. Como qualquer garoto, adorava ver mulher pelada
Cauã Reymond
— Lembro dessa foto até hoje. Todas as meninas que saiam na “Playboy” eram musas para mim. Não tinha internet e, como qualquer garoto, eu adorava ver mulher pelada. E as revistinhas de sacanagem eram difíceis de conseguir, tinha que trocar com os amigos. Fiz uma coleção tão grande de “Playboy” que quando me mudei de casa, aos 14 anos, e já havia passado daquela fase, fiz um bazar e vendi tudo — recorda ele, lembrando que o exemplar com Regininha Poltergeist foi o primeiro da coleção: — Mexeu com a minha libido.
O curso irrepreensível do tempo foi marcado por dissabores e sabores demasiadamente vivos na memória. Seus pais se separaram quando ele tinha 2 anos, uma decisão que o fez mudar de casa com certa frequência e o levou a ocupar um espaço cativo em divãs desde os 14. Hoje, quando pensa nas conversas regulares com analistas e no autoconhecido promovido pelo verbo, Cauã encontra ressonância com a fé, ainda firme e valente em seu interior, apesar de crises ocasionais. Antes de entrar em cena, costuma rezar baixinho.
Fui reencontrando sentido na espiritualidade, não necessariamente na religião, mas na crença de que tem algo maior
Cauã Reymond
— Isso é, inclusive, um método que muitos professores de atuação usam com pessoas que têm dificuldade de ter fé cênica, de acreditar no que estão fazendo — reforça Cauã, que fala da sua conexão: — Fui cético durante muito tempo, mas passar por dificuldades, ver pessoas próximas doentes, me fez pensar como a vida faz sentido nas pequenas coisas: estar em família, um sorriso quando você está passando por dificuldade. Fui reencontrando sentido na espiritualidade, não necessariamente na religião, mas na crença de que tem algo maior. Na análise, não deixo de me responsabilizar por minhas ações. O que a psicanálise chama de desejo é o que a espiritualidade chama de alma. Pode parecer maluco, mas para mim as duas coisas têm um casamento.

Casamento de Cauã e Grazi Massafera durou sete anos
Casamento de Cauã e Grazi Massafera durou sete anos Foto: Divulgação

Antes mesmo de atravessar os 30 anos, Cauã já havia definido desejos certos: casar na igreja — a festa, seguindo seus sonhos de cinéfilo, lembraria a pompa vista em “O poderoso chefão” (1972) — e ter três filhos.
— Não consigo explicar de onde surgiu a vontade de ser papai, mas guardo isso comigo desde cedo. A meta de ter três filhos se mantém (risos). E se eu e minha mulher estivermos com vontade de adotar, considero essa possibilidade também — revela.
Temos uma relação ótima. Falamos muito sobre a nossa filha. Ninguém está brigando na Justiça, não temos problemas
Cauã Reymond
A separação de Grazi, após sete anos de casamento, é ainda tratada com cuidado. Minutos antes de chegar ao assunto, Cauã garantiu não se pautar nas redes sociais para sentir a repercussão do trabalho junto ao público e explicou: “A internet é muito má. Tenho que me alegrar e não ficar procurando problema”. Impossível não lembrar como a turbulência enfrentada na vida pessoal do ator — a sugestão de traição, o rompimento com a carismática ex-BBB — reverberou pela web, repleta de insinuações feitas por anônimos.
— Temos uma relação ótima. Falamos muito sobre a nossa filha. Ninguém está brigando na Justiça, não temos problemas. Ela está fazendo um trabalho superbonito em “Verdades secretas”. Falei com ela e dei os parabéns por telefone. Ouvi gente falando que era a primeira vez que ela estava bem, o que é mentira — elogia ele, para, em seguida, citar outras novelas em que a bela se destacou como atriz.

Cauã Reymond
Cauã Reymond Foto: Roberto Moreira

A vida amorosa de Cauã ganha capítulos fartos e novos affairs surgem aos montes, verdadeiros ou não. A suposta lista inclui Bárbara Evans e Isis Valverde, entre outras. Boatos davam conta de que, durante as gravações do filme “Reza a lenda”, ele teria se afastado de Sophie Charlotte para evitar comentários sobre um envolvimento dos dois.
Não tenho como fugir, mas não me afasto das pessoas por causa das fofocas
Cauã Reymond
— Não tenho como fugir, mas não me afasto das pessoas por causa das fofocas, ainda mais das minhas colegas de trabalho. Sou, por exemplo, muito próximo da Vanessa (Giácomo, a Tóia de “A regra do jogo”), conheço o marido dela e malhamos na mesma academia, no mesmo horário. E será que se eu ficar muito tempo com o Alexandre Nero vão achar que temos um caso? Pode ser... Mas ele está tendo um filho. Vai rolar uma crise de ciúme aí (risos). Já lido com isso há mais de uma década, mas me incomoda porque às vezes você está conhecendo uma pessoa que não sabe lidar com essa engrenagem ainda — justifica o ator, que se diz solteiro.
Desde muito cedo, Cauã teve que aprender a lidar com o assédio, com direito a suspiros, gritinhos e até apertões na bunda. No que talvez tenha sido o caso mais esdrúxulo, um cara tentou espioná-lo enquanto ele tomava banho na academia. “Aconteceu só uma vez, graças a Deus!”, exclama.
— Minha reação foi correr atrás do cara, mas antes precisava botar a minha roupa. Depois, soube que isso aconteceu outras vezes — relata o ator, que não vê diferença entre cantada de homem e mulher: — É igual, a pessoa olha igual, só que tenho uma opção bem definida por meninas.

Foto: Roberto Moreira

Parte de uma profissão que emoldura um ideal de beleza, provocando fascínio, ele conta não se preocupar com o envelhecimento. Em contrapartida, encontra no esporte e na alimentação saudável caminhos para um passar dos dias, meses e anos menos áspero. Alguns fios brancos já despontam na cabeça de Cauã, mas só de perto dá para ver.
Deixo o meu cabelo branco aparecer. Mas quero ficar que nem o William Bonner, todo charmoso
Cauã Reymond
— As pessoas me dizem eu aparento ser mais jovem do que sou. E em alguns momentos da minha carreira, quando estava com uns 28, queria os personagens que faço agora. Mas acho natural, não tenho mais a ansiedade para as coisas acontecerem. Vivemos numa sociedade que preza muito a juventude e lidamos diretamente com essa vaidade. Eu não faço maquiagem para gravar e deixo o meu cabelo branco aparecer. Mas quero ficar que nem o William Bonner, todo charmoso — brinca.
Ela pergunta por que querem tirar tanta foto comigo. Falo com ela que o papai trabalha na televisão
Cauã Reymond
Quando pensa no futuro, Cauã vislumbra se dedicar cada vez mais à realização de seus filmes — atualmente, está envolvido em quatro longas, inclusive como produtor —, vendo aí uma chance de ter domínio sobre as histórias que deseja contar. A ficção o atrai na medida que complementa sua realidade. Apesar de acenos para projetos internacionais, não se vê ainda longe do Brasil, tampouco das novelas. É quando pensa em Brando e, principalmente, em Sofia. A primeira palavra da pequena foi “papá”. “Prefiro acreditar que era papai, mas acho que ela quis dizer ‘papá’ de comer”, recorda o ator. O retrato da família persiste e viceja.
— Acho que estou vivendo um momento especial, com uma filha maravilhosa. Ela pergunta por que querem tirar tanta foto comigo. Falo com ela que o papai trabalha na televisão. Nosso melhor programa mesmo é ficar em família — endossa.

fonte: http://extra.globo.com


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