Tonico Pereira, o Ascânio de ‘A regra do jogo’, torce para que seu personagem seja o chefe da facção e termine com Atena
No tabuleiro de xadrez de “A regra do jogo”, Ascânio é tratado como peão por Romero (Alexandre Nero), que regula seus movimentos, deixando-o enfurnado entre as paredes da fundação e segurando o dinheiro do homem que lhe iniciou na vida do crime. Mas para seu intérprete, Tonico Pereira, é bom Romero ficar atento, porque, mesmo no jogo de tabuleiro, o peão pode derrubar o rei.
— A novela tem essa possibilidade de transgredir a lógica, o consensual, e ir para qualquer lado. Tudo pode acontecer. Meu personagem é um marginalizado, mas foi o primeiro instrutor de Romero — ressalta Tonico, torcendo pela redenção de Ascânio.
Fora dessa partida, no entanto, ele e Alexandre Nero já começaram a combinar estratégias há meses, quando o colega foi assisti-lo na montagem “Anti-Nelson Rodrigues”.
— Estávamos escalados e ele foi ver a apresentação. Nos conhecemos e fomos tomar uma cerveja e um vinho com uma turma. Ali já começamos a conversar e a troca foi muito boa — conta o veterano.
No comando das peças, a diretora Amora Mautner é velha conhecida de Tonico, com quem trabalhou na novela “Andando nas nuvens”, de 1999, além de ter sido sua vizinha no Humaitá quando ela ainda era criança. A caixa cênica, ideia implementada por ela de colocar câmeras escondidas no set, Tonico tira de letra.
— Para mim, não tem diferença. É uma questão técnica. O ator tem que fazer o dele, seja com qualquer câmera, posição ou movimento. Temos que estar sempre no personagem — defende o intérprete de Ascânio, que explica: — Eu, por exemplo, adoro estar em silêncio reagindo ao que dizem. Mais do que falar meu texto. Se a câmera me pega nessa hora, eu estou ligado.
O ator também já sente nas ruas a repercussão de Ascânio, que é amado e odiado:
— A reação varia do elogio à crítica por ele ser um vagabundo. O público é piadista. Tem gente que mexe comigo até sobre o Zé Carneiro (seu personagem na primeira versão do “Sítio do Picapau Amarelo”), que já tem quase 40 anos.
E para os últimos movimentos deste jogo, Tonico já arrisca um vencedor.
— Quero que o Ascânio seja o chefão da facção, que Romero não saiba disso e que ele termine com a Atena (Giovanna Antonelli). Ela trocaria a juventude do Romero pela experiência do Ascânio — brinca.
fonte: http://extra.globo.com