"Solteira e feliz", diz Susana Vieira sobre 'ficadas'
Intérprete de Adisadeba em 'A Regra do Jogo', atriz fala sobre boa fase aos 73 anos
Fotos:TV Globo
fonte:http://epoca.globo.com/Bruno Astuto
O melhor papel da vida de Susana Vieira é, sem dúvida, o de Susana Vieira. "O nome Susana Vieira já é uma polêmica", diz ela, atualmente no ar como Adisabeba em A Regra do Jogo, a 'rainha' do Morro da Macaca. Dona de uma energia invejável, assim como sua personagem, ela abusa da espontaneidade e transita com muita facilidade pelo mundo real, diferentemente de tantas estrelas por aí. "Tem muito artista que é insuportável nos bastidores, mas parece bonzinho no vídeo. Se as pessoas soubessem...".
Em sua última aparição fora do Projac - "sou disciplinada e não tenho tempo nem de ir ao banheiro"-, ela fez sucesso absoluto entre os funcionários do Rock in Rio, na última semana, quando chegou a um dos camarotes do festival, surpreendentemente levando o presidente de um dos seus muitos fã-clubes à tiracolo. "Fico emocionada com essa dedicação, não só comigo, mas com o meu trabalho. São os fãs que tomam conta da minha carreira. Quando eu escrever uma biografia, é com eles que vou fazer", afirma a atriz. Confira o papo de Susana com a coluna:
Como encara o assédio dos fãs?
Fico muito emocionada. Em primeiro lugar você tem que apreciar o trabalho do artista. Ninguém é fã da gente pelo que falamos, a não ser os homossexuais, porque eles se identificam. Não é porque eu sou simpática, mesmo porque eles não conhecem a gente. Tem muito artista insuportável nos bastidores, mas parecem bonzinhos no vídeo. Tiro muitas fotos com garçons, bombeiros e policiais porque eles acham o máximo eu falar com eles. Por exemplo, quando o caminhão da Comlurb passa perto o meu carro eles gritam meu nome e não têm o menor constrangimento. Acho o máximo e não sei de onde vem isso. Se eu tivesse o poder de ajudar o Brasil, quebrava aquele Congresso inteiro.
Qual sua relação com as redes sociais? Você mesma publica em suas contas?
Tenho 700 mil seguidores no Instagram e 800 mil no Twitter. Nunca imaginei isso na minha vida. Eu mesma posto, mas às vezes minha assessora tira porque são coisas que ela acha que podem ser distorcidas. Eu já não tenho essa maldade. Ela me deu a dica para postar só duas fotos por dia para não me expor muito.
E como lida com a exposição?
Outro dia eu beijei uma gracinha de um menino num casamento particular, de gente rica. A namorada de um dos padrinhos me viu, fotografou e mandou para um site. No dia seguinte a notícia era de que eu estava namorando um advogado bonito. Isso é um perigo.
Está namorando?
Imagina, o verbo 'ficar' para mim tem o mesmo peso do que para a juventude. Não quero namorar e casar. Namorar um dia é maravilhoso, mas sete meses fica chato. Estou solteira e muito feliz.
O que mais te irrita no Instagram?
Gente que tira foto de si mesma superproduzida, daquelas tipo de estúdio fotográfico, e a pessoa finge que está acordando e diz 'bom dia'. Isso é o auge do exibicionismo. Concordo quando a pessoa quer vender uma imagem, mas quatro selfies diários é demais. Agora, imagina eu colocar selfie todo dia? São mais de mil closes na TV. Não precisa. Frases feitas também, pelo amor de Deus, são mensagens para quem? E menagens envolvendo religião. Até entendo os evangélicos, porque é a obrigação deles na Terra passar os recados de Deus.
Costuma postar algo específico?
Postar cachorrinho e florzinha dá muito Ibope. Outro dia, olha que maravilha, postei uma foto com duas cabeleireiras que são negras e têm o cabelo crespo. Como coloquei aplique ondulado para fazer a Adisabeba, escrevi: 'Minhas amigas estão me copiando'. Deu sete mil curtidas. São pessoas que se identificam porque acham que sou legal ou que não tenho vergonha de estar com o cabelo crespo. Adoraria também colocar coisas do Papa (Francisco) porque amo aquele homem e, com aquela carinha de quem está indo para uma festa infantil, está dando uma bofetada em todo mundo.
Total. Tenho mais intimidade com esse jeito descontraído, sem padrões ou firulas. E subo a favela da Rocinha com mais facilidade que o Morro da Macaca, porque é uma construção parecida com a realidade, mas não é. A minha casa fica num lugar íngreme e tenho que subir todos os dias, no calor de 40º igual para todo mundo que está no estúdio, na favela ou na praia.
De onde vem tanta energia?
Deve ser da batata (risos). Não posso comer açúcar desde que nasci porque tenho alergia. Imagina se eu pudesse? Eu pesaria 90 quilos porque adoro comer. Mas sou hiperativa, vivo buscando atividades, malho diariamente com meu personal. Não me enquadro em categoria nenhuma, eu sou disponível para a vida. Estou sempre indo, nunca voltando. Mas, se me deixar dormir, vou até o meio-dia. Durmo as três da manhã porque a gente tem que viver. Não pode ser só trabalhar, voltar para casa e dormir.