Mulherengo em ‘A regra do jogo’, MC Merlô fisgará Andressa Turbinada e ainda ganhará os olhares atentos de Belisa
“Merlô, que nave é essa?”. Foi ao som do funk “Suave” que Mario Sérgio dos Santos — mais conhecido como MC Merlô, o príncipe desencanado do Morro da Macaca — apareceu pela primeira vez em “A regra do jogo”. Com pouco mais de um mês de novela, o verso do batidão poderia ser substituído por “Merlô, que mel é esse?”. O malandro olha para todos os lados e só se vê cercado de mulheres. Na trama, continua sonhando alto sob as asas de Adisabeba (Susana Vieira), sua mãe, e posterga escolher entre Ninfa (Roberta Rodrigues) e Alisson (Letícia Lima), dupla com qual se embrenha na canção e na cama... Mas nem tão suavemente assim.
— Elas esperam que ele eleja uma. E a última coisa que Merlô quer é decidir. Não quer problema, deseja levar a vida com leveza. Nesse sentido, é bem carioca. O mundo pode estar caindo, mas há tempo para fazer um pagodinho antes. Ele é feliz por estar vivo, mesmo quando a barra pesa — explica Cazarré.
Referência no universo do funk, Merlô ainda chama atenção de Belisa (Bruna Linzmeyer), a patricinha determinada a enveredar pelo som do morro, e de Andressa Turbinada (Thaíssa Carvalho), com quem vai se envolver no futuro. Para se apropriar da energia exigida, Juliano recorreu a pesquisas na internet, ouviu um sem-fim de hits, frequentou bailes e visitou o Vidigal — comunidade da Zona Sul que serviu de inspiração para a trama — para conhecer como os dias se sucedem por lá.
— O que me surpreendeu nessas visitas é a capacidade de sorrir e de se divertir dessas pessoas mesmo com as adversidades. Apesar de morar num lugar com acesso e transporte precários, com problema de água e luz, a galera tem um sorriso no rosto, uma alegria de viver, como o Merlô é — diz o ator de 35 anos, nascido em Pelotas, no Rio Grande do Sul.
Aulas de voz e de dança ajudaram a moldar a personalidade de MC Merlô. Cazarré, como era de se esperar, bebeu na fonte de nomes conhecidos do funk como Mr. Catra, Nego do Borel, Naldo e MC Guimê, mas rompeu a fronteira e encontrou em Dinho Ouro Preto, vocalista do Capital Inicial, a dinâmica que buscava para a interação entre artista e público nas cenas.
— Mas estou tentando colocar um tempero meu e deixar o cara com uma alma. Merlô não é um retrato naturalista. É uma ficção. Estou trabalhando com fantasia — enfatiza Cazarré, destacando a dificuldade de fazer comédia e a liberdade que tem para improvisar, imprescindível para se sentir à vontade no papel.
Dois meses antes de “A regra do jogo” estrear, o ator já driblava a timidez com as aulas da coreógrafa Danúbia Firmo. Sob o olhar atento da profissional, MC Merlô e as Merlozetes adquiriram a pegada ritmada do funk.
— Juliano é muito aberto. Ele me dá possibilidades e eu tiro o melhor dele. Gosto de trabalhar com o que cada um tem — explica Danúbia.
“A regra do jogo” — trama escrita por João Emanuel Carneiro que recebeu 12 indicações ao Prêmio Extra 2015 — é a quarta novela de Cazarré. Nos últimos anos, ele viveu duas situações díspares: foi festejado como Adauto de “Avenida Brasil” (2012) e amargou críticas como Ninho de “Amor à vida” (2013) — o ator ainda fez “Insensato coração” (2011). Os resultados distintos ele encara como um aprendizado. Desta vez, o foco é um só: “Venho para o trabalho para me divertir”, conclui o gaúcho, que recorda:
— Walcyr Carrasco (autor de “Amor à vida”) foi generoso, porque ele podia ter abandonado o personagem, mas nunca fez. No começo, tinha um Ninho na cabeça e demorei a embarcar em alguns dos caminhos que ele propôs. Foi uma grande lição sobre como trabalhar em novelas.
fonte: http://extra.globo.com