Após colecionar fracassos como bandido, Romero terá a chance de ser herói em ‘A regra do jogo’
Romero é mesmo um cara curioso. A imagem que o sujeito vivido por Alexandre Nero faz de si — alguém com sangue nos olhos, frio, disposto a morrer e a matar — contradiz, linha por linha, as suas ações. Ao longo dos capítulos de “A regra do jogo”, ele colecionou humilhações constantes nos submundos da vida privada, embora sempre acobertadas pela fachada de homem humanitário que diz ser. A extensa lista rabisca e atesta pequenas derrotas diárias: apanhou de Zé Maria (Tony Ramos) e Orlando (Eduardo Moscovis), observando contrariado a ascensão dos rivais; é chantageado por Atena (Giovanna Antonelli); passado para trás por Ascânio (Tonico Pereira); e ainda foi desmascarado por Djanira (Cássia Kis).
— Pois é, Romero é um bandido meio loser (“perdedor”) mesmo. É isto que o torna capaz de provocar empatia junto ao público. Se ele fosse o bandidão cruel e implacável que julga ser, não seria tão interessante — explica o autor João Emanuel Carneiro.
As provações vão continuar nos desdobramentos da trama, a começar pelo assassinato da mãe — no ar na segunda-feira — que, à beira da morte, o condena com palavras severas: “Você ainda vai pagar por isso tudo. Sai daqui, assassino”, pede ela, na derradeira fala direcionada ao filho, talvez mais odiado do que amado por ela. Zé Maria tenta responsabilizar Romero pelo tiro fatal, mas Tio (Jackson Antunes) descarta com uma frase de efeito: “Ele não mata nem barata”. O bandido conhece bem o subordinado. Por vezes, o ex-vereador foi instigado a matar e vacilou em todas elas — lá no começo, o jornalista Dário (Alcemar Vieira) foi eliminado por Orlando.
— Gosto muito do Romero. Ele é um personagem carismático demais, muito bom, mas, ao mesmo tempo, trágico. Ele não sabe quem é — sintetiza Nero, que antes da estreia da novela já havia classificado o personagem de “bandido bundão, frouxe, de meia-tigela”.
O ator estava realmente certo. A resistente carcaça, no entanto, vai se quebrar nos próximos dias e revelará ao bandido belezas de atos genuinamente heroicos. Romero, o mesmo falso forte de antes, vai usar suas habilidades para convencer que um assaltante se renda, salvando os reféns (leia mais abaixo). E mais: ele vai se sentir bem com a verdadeira boa ação, cogitará vestir a capa de benfeitor e decide sair da facção.
— Outro dado que torna Romero peculiar é o fato de ele, aos poucos, se apaixonar pela ideia de ser um herói de verdade. Ele construiu para o público a imagem de um homem bom e em algum momento acreditará nesta persona e gostará muito da ideia de ser esta pessoa que ele fingiu ser. Mas será que vai ser possível? Tudo o que ele já fez não se apagará simplesmente porque ele quer — enfatiza João Emanuel.
A caminho do bem
Quem mata quem?
Romero vai se mostrar novamente covarde ao informar o paradeiro de Atena, procurada pela facção por ter filmado uma conversa comprometedora entre o ex-vereador e Tio. Quando finalmente é capturada, o chefão exige que Romero a mate, mas ele se nega e diz que não é assassino. As regras do jogo se alternam e, pressionada pela organização, agora é a estelionatária quem precisa eliminar o amante como prova de que é capaz de entrar na facção. Ela se recusa a assassiná-lo. Mostrando-se leal, torna-se uma irmã do grupo do mal.
Surge um salvador de verdade
O ex-vereador será vítima de um assalto num restaurante e estará acompanhado por Tóia (Vanessa Giácomo). A situação sai de controle e a jovem pede que Romero faça algo. “Calma, ninguém precisa morrer aqui. Quero ajudar vocês. Se a gente fizer tudo certo, sai todo mundo vivo”, diz ele. Durante o assalto, ele se desentende com o criminoso e é baleado na barriga. Mesmo ferido, consegue contornar a situação. Os bandidos são presos e Romero se torna herói.
Um caminho novo surge
Romero é levado para o hospital e lá diz a Atena: “Você viu a cara daquelas pessoas? A expressão de gratidão de cada um! Eles me amam de verdade! Isso é dez mil vezes melhor que assaltar um banco e sair com dois milhões de reais numa mala!”. E ela avisa: “O São Romero do pau oco tá completamente doido! Só espero que isso não chegue lá na facção, senão vai dar problema”.
fonte: http://extra.globo.com