Monique Alfradique comenta visual funkeira e evangélica de Tina em ‘A regra do jogo’
A canção “Todas elas juntas num só ser”, escrita por Lenine e Carlos Rennó, poderia ser a trilha sonora de Tina em “A regra do jogo”. Para se adequar ao novo padrão de vida no Morro da Macaca, a patricinha deixou suas roupas de alfaiataria de lado e passou a investir num microshort jeans, maquiagem forte e cabelo de leoa. Mas, vestida assim, ela não conseguiria um emprego na casa da evangélica Indira (Cris Vianna). Em função disso, a mulher de Rui teve que encarar outro estilo e aderiu a roupas longas, sem decotes nem glamour.
Monique Alfradique vê essas mudanças como uma forma de sua personagem reagir à realidade da favela.
— Acredito que seja, além de uma provocação ao marido, o reflexo do olhar dela à nova moradia. É uma adaptação mesmo, a transição da Tina acomodada e intransigente para a Tina mais realista — opina a atriz.
Para criar o primeiro guarda-roupa da loura de olho azul, as figurinistas Marie Salles e Mariana Sued se inspiraram em meninas da Zona Sul.
— O texto sobre a personagem dizia que ela havia morado no Leblon a vida inteira e era estudante de moda. Procuramos referência dentro desse universo — explica Mariana.
— Tratava-se de uma perua, que queria ostentar. Optamos por shortinhos de alfaiataria e camisas de seda com estampas fofas, como flamingos. Tem uma inspiração navy nas cores. Tudo combinando com o scarpin, que ela não larga nunca — completa Marie.
Os looks da fase funkeira foram montados a partir do que já tinha sido estipulado para a maioria das mulheres da favela. A cintura alta, marca de Tina, continuou presente, mas com uma pegada completamente diferente.
— A comunidade já existe e tem uma identidade visual bem definida. Quando a personagem se mudou para lá, viu tudo o que tinha ali e tentou adotar um look parecido — diz Mariana.
Outra referência para o visual ousado de Tina foi o cabelo de Adisabeba. Mas Marie pensou em algo mais frisado.
— É divertido, nunca tive os fios assim. Dá um pouco mais de trabalho. Levo até três horas para frisar e fazer tranças nagô — conta Monique.
A outra faceta de Tina, a essa altura a comportada babá dos filhos de Indira, tem origem interesseira.
— Ela não vira evangélica. Mas fala nisso para se aproximar da patroa. Quer ser estilista na loja dessa mulher tão religiosa. Isso é tudo que Tina gostaria de ter: um ateliê com roupas desenhadas por ela — justifica Monique.
fonte: http://extra.globo.com