Em ‘A regra do jogo’, Juliano vê sua vida desmoronar ao descobrir bandidagem de Zé Maria: ‘Ele perdeu tudo’, diz Cauã
Em seu poema mais famoso, a americana Elizabeth Bishop sugere: “A arte de perder não é nenhum mistério”. A sabedoria enraizada nessas palavras, porém, parece distante de ser alcançada nas esferas da vida, seja a real ou a fictícia. O que fazer quando se esvai o que se tem, ou quase nada se tem? Juliano (Cauã Reymond) trava essa luta particular há alguns capítulos em “A regra do jogo”, mas o golpe de misericórdia acontece hoje ao concluir que o pai é um bandido.
— Ele perdeu tudo. Ele já não tem mais a Tóia (Vanessa Giácomo)... Vamos ser sinceros, ele realmente é uma exceção de ter um relacionamento com uma mesma pessoa desde novinho e ser fiel. Ele perdeu a mulher que cuidou dele (Djanira, vivida por Cássia Kis), perdeu o trabalho. E, agora, vai perder a última coisa que dava sustentação, que era a confiança em Zé Maria (Tony Ramos) — lembra Cauã, listando derrotas sucessivas do personagem: — Isso o coloca naquele lugar de quem não tem mais nada a perder. Assim, ele pode tomar qualquer direção.
O cenário de destruição o obriga a repensar sua trajetória. Embora o caos interior não cesse, ele dribla a inércia e se apega a seus ideais e ao objetivo de desmantelar a facção que lhe causou tantas dores. Juliano se aproxima de Belisa (Bruna Linzmeyer) e Dante (Marco Pigossi) começa a confiar no rival. “Ele se torna um mocinho de ação”, lembra Cauã, satisfeito com as viradas proporcionadas pela trama. Para o ator, diante das perdas, Juliano ganha a dignidade de provar sua inocência.
— Eu o vejo como um cara muito simples, com valores bem definidos. Admiro gente assim, por mais que possam parecer ingênuas num primeiro momento. Imagino que quando a novela terminar, Juliano pode continuar e ser feliz. Um cara que perde tudo ganha uma maturidade diferenciada da vida, eu acho. Estou gostando do caminho que ele está tomando — reforça o indicado ao Prêmio Extra na categoria Ator (leia ao lado).
“Perca um pouco por dia”, insiste Bishop em sua escrita. Na ficção, Juliano parece seguir as palavras ainda que desastradamente. Como consequência, o ator começa a perceber como o público responde ao drama do herói de “A regra do jogo”. A identificação faz com que o desfecho do relacionamento com Tóia seja um lamento constante.
— Eu tenho escutado muito sobre esse término, comentários de que ele sofreu muito, que precisa ser feliz, que ele deve encontrar uma forma de voltar para a Tóia e ficarem bem juntos. O João (Emanuel Carneiro, autor) elaborou isso de uma forma muito legal. É bacana ver o público comentando agora — comemora ele.
fonte: http://extra.globo.com