Carolina Dieckmann, a Lara de ‘A regra do jogo’, conta que pintou o cabelo e fez ‘milhões de testes’ para viver Tóia
Antes de Tóia ter o corpo e a voz de Vanessa Giácomo, a protagonista de “A regra do jogo” quase foi defendida por Carolina Dieckmann. Entre o fim de 2014 e o começo deste ano, a loura passou por muitos testes, mas uma característica essencial lhe tirou o papel. “João Emanuel Carneiro queria uma atriz morena”, conta ela.
— Chegaram a pintar meu cabelo, mas acharam que não funcionou. Tenho um nariz arrebitado... Tenho olho claro, pensamos em botar uma lente, mas é difícil fazer uma novela desse jeito. Fiz uma parte de “Senhora do destino” (2004) e foi muito complicado. Era uma questão de físico — relembra a atriz, que afirma não ter se frustrado: — Senti que houve um esforço para que eu fizesse. Mudei algumas vezes de cabelo, fiz milhões de testes. Não fiquei triste porque sobre isso não há nada o que fazer. Acredito que “o que não tem remédio remediado está”. Não posso nascer de novo, de outros pais, por um papel. As coisas que eu já fiz na minha carreira, em termos físicos, mostram que tenho uma abertura total para isso.
Quando posteriormente foi anunciada a entrada da atriz na novela, houve quem questionasse se a inclusão não seria uma tentativa de a história ter, de fato, uma opção de mocinha tradicional.
— Li sobre isso, mas são coisas que se falam mesmo. A mocinha é a Tóia, não existe outra. Acontece de a novela não ser ainda um fenômeno, de a trama passar por ajustes, isso é normal. O resto é fofoca.
Uma mocinha que exige
“Estou cheia de dor por causa daquelas sequências”, constata rindo Carolina Dieckmann. Horas antes, numa gravação que atravessou a madrugada, ela fez as cenas em que Lara foge do capanga de Orlando (Eduardo Moscovis), decidido a tirar a garçonete do seu encalço. A mocinha ficou presa num porta-malas e correu de salto alto até ser salva por Dante (Marco Pigossi). Essa manobra foi ao ar naquela mesma noite em “A regra do jogo”. O ritmo das gravações é denso, a atriz avisa, mas suavizado pela experiência de mais de duas décadas na profissão.
— Minha rotina foi alterada completamente, mais de 100%. Uma pessoa que estivesse começando talvez ficasse assustada. Mas a minha carreira sempre foi assim. Os filhos estão acostumados. O que pega são as coisas práticas: estava fazendo tratamento com um aparelho dentário e precisava usá-lo 22 horas por dia, mas agora não faço mais isso. Você tem que dar uma rebolada, e, no fim, dá tudo certo — afirma Carolina, que precisou interromper os ensaios de “Uma peça pra nós duas”, com ela e Maria Ribeiro.
No folhetim, após o sufoco, Lara procura o vilão, mas habilmente ele a enreda com suas mentiras. Orlando parece acreditar no que diz, e ela, talvez por inércia, aceite.
— Lara ainda acha que eles podem ficar juntos, não denunciaria uma pessoa que ama e veio para resgatar. É aquela história de amor cego mesmo. A gente vê na vida, mulheres que são maltratadas, que apanham do marido, que passam por situações cotidianas pesadas e não denunciam — justifica a atriz, que teve contato com o universo das paixões submissas com a série “Eu que amo tanto”, exibida no “Fantástico” em 2014.
Carolina não gosta de se imaginar nas situações vividas por suas personagens, prefere se concentrar na construção do papel. A decisão, claro, não a impede de se deparar com uma torcida exaltada para que a mocinha encontre, enfim, um cotidiano de carinhos recíprocos ao lado de Dante. Assim que a viu, o policial demonstrou preocupação e afeto pela jovem interiorana. Seria ele o seu par?
— É muito bonito como está sendo feito, um amor puro, de alma, daquele que você olha e já sabe que alguma coisa vai rolar. Sou muito romântica, então amo esse tipo de amor, eles se gostam antes mesmo de se pensarem como homem e mulher. É uma simpatia astral, sei lá. Desde o primeiro dia que apareci, só falam no Dante. Já torcem pelo casal.
fonte: http://extra.globo.com