JULIA LEMMERTZ (FOTO: TV GLOBO)
As duas fases de “Além do tempo” significam, provavelmente, muito trabalho para a equipe. Com a novela perto do 100º capítulo, quase tudo voltou para a estaca zero: são outros figurinos, cenários, caracterizações. Os personagens conservaram os nomes e algumas características do passado, mas também mudaram. Para o elenco, trata-se portanto de uma oportunidade e tanto de desempenhar dois papéis numa produção em que as parcerias já se estabeleceram.
Vários atores se deram muito bem com a passagem de tempo. Júlia Lemmertz, a Doroteia, é um deles. No século XIX ela era uma mulher do povo que, por força do casamento, entrou para uma família aristocrata. Só que o marido morreu e, viúva, ela se tornou uma espécie de agregada indesejável do núcleo da Condessa Vitória (Irene Ravache). Seu papel era principalmente conversar com a filha, Melissa (Paolla Oliveira) e apoiar seus golpes. Ela até teve uma trama própria quando se envolveu com Bento (Luiz Carlos Vasconcelos), mas foi uma história lateral e passageira.
Agora, a personagem ganhou espaço. Doroteia continua parceira da filha nas armações dela, mas tem vida própria. Seu passado é nebuloso, e os diálogos dão a entender que foi bem animado. A personagem nasceu no Rio. Como ela faz questão de insinuar sempre que pode, antes de morar na pacata Belarrosa, teve muitos namorados e fãs. A atriz vem fazendo dela uma mulher vivaz, quase fora do tom, um pouquinho mais alegre do que o que se esperaria de uma avó. A Doroteia de agora é esperta e planeja seus próprios estratagemas.
É a combinação do ótimo texto com o trabalho de uma atriz talentosa. Sem esquecer que “Além do tempo” é muito bem dirigida.
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