Burro de ‘Êta mundo bom!’ era puxador de carroça e hoje é xodó do elenco: ‘Trago maçã, porque ele ama!’, diz Sergio Guizé
Nem todo burro é ignorante. Intérprete de Policarpo em “Êta mundo bom!”, Juca, de 7 anos, é esperto toda vida. Comilão, o animal só obedece às ordens de bater com uma das patas no chão — como precisa fazer em determinadas cenas da novela — apenas se for presenteado com uma cenoura logo depois. O bichinho é inteligente. Utilizado como carregador de carroça até alcançar o recente estrelato, o mamífero carioca sabe, agora, como evitar dar com os burros n’água. Nas gravações, ele é mimado por todo o elenco.
— Já somos grandes amigos! — brinca Sergio Guizé, o protagonista Candinho da trama, que tem o animal como parceiro inseparável: — Às vezes, trago maçã, porque ele também ama! Fora a cenoura, que dou a todo momento. Juca merece. Ele é muito doce e talentoso.
Selecionado num teste com outros concorrentes, o ator-burro precisou de um mês de preparação para se acostumar às câmeras e holofotes. No início, empacava no caminho com muita frequência.
— Ele era desconfiado, e eu também acabava empacando — entrega Guizé, rindo: — Depois, nossa relação foi ficando cada vez mais próxima. Aí, o Jorge Fernando (diretor) começou a aproveitar todos os nossos imprevistos, nos deixando mais à vontade. Hoje, o Juca reconhece a minha voz e tudo flui muito bem.
Criado num rancho em Sepetiba, na Zona Oeste — e descoberto pela empresa Bichos Artistas —, a estrela-prodígio ainda nem precisou ser substituída por uma de suas dublês, as colegas Madonna e Morena, duas burras que estão sempre a postos para qualquer imprevisto. Fenômeno comum em folhetins rurais de Walcyr Carrasco (veja nas fotos abaixo alguns exemplos), o animal assumiu destaque maior do que muitos humanos por aí. Embora o ator em questão não esconda a burrice — algo impossível —, ninguém jamais ousou dar zero para ele.
— Depois que ele entendeu a proposta, Juca se enquadrou a tudo — diz a treinadora e veterinária Taila Lemos, que acompanha a atual carreira do novato: — Quando puxava carroça, ele via o ser humano como alguém dominador. Hoje, Juca nos vê como parceiros. Às vezes, ele até passa do ponto e acha que é amigo demais. Assim que viu que a vida nova se resumia a comer cenoura e ficar quieto para a câmera, ele passou a curtir mais o ofício.
fonte: http://extra.globo.com