Enquanto posava para as lentes do fotógrafo da Canal Extra, em Santa Teresa, Lellêzinha era acompanhada pelos olhos de várias crianças que cochichavam: “Será que é ela mesmo?”. Os pequenos queriam saber se ali estava a Jennifer, de “Totalmente demais”, e a cantora que faz shows pelos quatro cantos da cidade — e até no exterior — no grupo de funk Dream Team do Passinho. O sucesso começa pelos baixinhos, mas, como diz o funk, “não deixa ninguém parado”.

— A garotada gosta muito, às vezes eles até me agarram! Dá um pouquinho de medo (risos). Mas quando veem o Dream Team no palco é uma energia bem diferente: é mágico, é verdadeiro. Eles querem realmente estar ali — conta a jovem, de 18 anos, que nos shows é acompanhada por Pablinho, Rafael, Hiltinho e Diogo Breguete.

Para contagiar tanto o público infantil quanto o adulto, a fã de Beyoncé e Nina Simone abusa dos shortinhos e macacões coloridos e justos que não atrapalham os movimentos da dança. Vestidos jamais.

— Gosto de roupas que me deixem confortável. Mas são sempre puxadas para o estilo street. Não sou fã de saias. Eu nunca uso. Acho que não são a minha cara — sustenta Alessandra Landim, que neste ensaio veste peças que não fazem parte do seu armário.

Mesmo deixando saias e vestidos de lado, Lellêzinha é daquelas que curtem cuidar do visual. Porta-voz de uma marca de produtos para o cabelo e apaixonada pelo seu black power de cachos poderosos, ela confessa que assumi-los não foi fácil:

— Eu já fiz muitos tratamentos químicos, alisava os fios sempre... Até que um dia precisei cortar o cabelo porque ele mofou. Hoje, só passo creme e penteio. Acho bonito me aceitar do jeito que Deus me fez. Faço parte de uma geração que preza pela aceitação e fico feliz de poder passar essa mensagem para outras mulheres.

Tamanha consciência da atriz, a irmã mais velha de cinco irmãos, é resultado dos conselhos da família, sobretudo da avó, a aposentada Maria José, com quem mora em Campinho, na Zona Oeste do Rio.

— Para mim, é muito importante ter uma pessoa que me lembre quem sou todo dia e me faz colocar os pés no chão — frisa ela, que vai de ônibus para o Projac e percebe os olhares curiosos de quem a reconhece: — Muitos pensam que, só porque apareço na TV, estou cheia de dinheiro. Não é assim. Tudo o que entra sai: eu recebo contas para pagar, ajudo minha avó em casa... E tenho meus objetivos, portanto, tento economizar.

Generosa mesmo a carioca é com os sorrisos. A simpatia, aliás, a ajuda a se aproximar de seu público e até abre caminho para a paquera.

— O assédio aumentou. E olha que não é só de menino, não, hein! É até mais feminino. Uma vez ou outra é que eles ficam inibidos, mas é uma situação que a gente aprende a administrar, né?— brinca a jovem.

Como representante da atitude que o funk propõe, a artista não se intimida com as cantadas dos admiradores. Nem das admiradoras:

— Se tenho vontade, eu fico. Se não sinto, digo que não quero. Mas agora não estou namorando. Só conhecendo pessoas (risos).

Beleza: Duh Nunes/ Produção de moda: Rosane Amora/ Assistente: Gabriela Sestari/ Agradecimento: Frida Photo Studio/ Fotos: Márcio Alves

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