Thammy Miranda lança biografia e conta que rebolava ao lado da mãe porque queria ficar mais perto de Gretchen
Para uns, a redesignação de gênero de Thammy Miranda, de 33 anos, é uma aberração. Outros dizem ser um ato de coragem. Ele, contudo, diz ser o caminho para a felicidade. Sem medo de críticas, o ator conta nesta entrevista que expõe ainda mais sua vida na biografia “Nadando contra correte”, escrita por Marcia Zanelatto, que será lançada dia 7 de setembro, na Bienal.
O que levou você a tomar a decisão de publicar esse livro?
Vou lançar o livro com o intuito de ajudar outras pessoas que passam por tudo o que eu passei. Desejo que os que estão na mesma situação que eu não se sintam sozinhos nesse mundo.
De que maneira prefere que as pessoas se refiram a você hoje em dia?
Me tratem da forma como me enxergarem. Eu, por exemplo, me enxergo como um transhomem (pessoa que nasceu com a genitália feminina, mas se identifica com o gênero masculino). Nunca serei um homem.
No processo de redesignação de gênero, o próximo passo é a construção de um órgão genital masculino?
Não. Não é muito seguro que dê certo.
Você sempre soube que era transgênero? Ou essa mudança foi um processo que aconteceu aos poucos?
Eu não sabia que existia o nome transgênero e me questionava sobre o que estava acontecendo comigo. Eu achava que simplesmente não estava satisfeita com minha imagem.
Mas esses questionamentos surgiram quando?
Descobri há pouco mais de um ano. Gostaria muito que tivesse um livro como o meu para ler e entender o que estava acontecendo comigo. Depois de um tempo, a vontade de mudar minha imagem foi ficando cada vez maior.
Como essa vontade interferia na sua vida?
Eu me olhava e pensava que meus seios não faziam parte de mim, não tinham que estar naquele lugar, por exemplo.
Quando você dançava com sua mãe, em algum momento achou que a imagem que passava era uma farsa?
Não. Eu banquei a Thammy mulherão porque queria estar mais próximo da minha mãe. Depois, era a forma que tinha de ganhar grana. Fui levando, mas chegou uma hora que ficou insuportável. Era uma agressão. Passei a não ter vontade de subir no palco.
Como sua família o chama?
Minha mãe, em alguns momentos, me chama no masculino. Meu pai, não. Ele disse que serei sempre a filha dele. De maneira geral, prefiro que me tratem como ele. Mas, para minha família, isso não me importa. Eles podem me chamar do que quiserem.
Muitas pessoas nessa situação assumem perder a vontade de viver por não conseguirem lidar com a pressão. Você pensou em morte?
Jamais! Sempre quis muito estar vivo para poder viver como sempre desejei.
Você namora a Andressa Ferreira há pouco mais de dois anos. Pensam em filhos?
Estou construindo minha família. Tenho vontade de ter filhos, só não engravidaria. Para isso, tem a Andressa.
Ao mesmo tempo em que você recebe elogios por sua coragem, recebe muitas críticas...
Chega um momento que você não se importa muito com que o os outros vão achar. Eu só quero ser feliz.
fonte: http://extra.globo.com