PEDRO CURI/TV GLOBO
DANIEL CASTRO
O ator Lima Duarte acha exótico um mafioso ítalo-novaiorquino dando as cartas em Paraisópolis, uma das maiores favelas de São Paulo, apontada como reduto do PCC, a facção criminosa que domina os presídios do país. É algo digno do realismo fantástico, gênero literário que funde realidade com elementos mágicos, afirma. Seria uma opinião como outra qualquer não fosse o fato de Lima Duarte ser o intérprete do mafioso em questão, na novela das sete da Globo, I Love Paraisópolis, ambientada na comunidade vizinha ao Morumbi, na zona oeste de São Paulo.
"É esdrúxulo um mafioso em Paraisópolis", diz o ator ao Notícias da TV. Aos 85 anos, Duarte faria apenas uma participação na trama de Alcides Nogueira e Mario Teixeira. Apareceria nos primeiros capítulos, vivendo em Nova York, somente o suficiente para fazer Danda, a personagem de Tatá Werneck, ser presa na Alfândega trazendo muamba para o Brasil.
"Eu não esperava voltar para a novela", confessa o intérprete de Dom Peppino. "Mas precisavam de um vilão e me chamaram. Parece que o pessoal de Paraisópolis não tem maldade", afirma, irônico.
Típico mafioso de cinema, o personagem de Lima Duarte se mudou para o Brasil e passou a ocupar um espaço que deveria ser de Caio Castro, inicialmente o grande vilão da novela das sete. As pesquisas com telespectadores mostraram que a audiência não queria ver o jovem galã fazendo maldades. Grego, personagem de Castro, continua sendo bandido, mas é humano, não mata ninguém. Muitas vezes exerce o papel de xerife ordeiro. Sobrou para Dom Peppino a função de apavorar moradores, plantar lixo tóxico na favela e mandar capangas tentar eliminar os protagonistas.
Para Lima Duarte, I Love Paraisópolis é uma novela com um quê de "realismo fantástico". O ator é crítico, mas não está insatisfeito. Pelo contrário, revela estar adorando "trabalhar muito". No fundo, curte dar vida a um elegante mafioso de terno e bengala. Pena que o personagem vai morrer em breve, entrega. "Mas ele vai sumir e depois voltar, uma confusão", conta.
Viola, Minha Viola morreu
Em julho, pouco antes de retornar a I Love Paraisópolis, Lima Duarte foi dado como quase certo no comando do programa Viola, Minha Viola, da TV Cultura. "Fui convidado. E aceitei. Vou conversar com a Globo na terça", disse o ator à Folha de S.Paulo na época.
Três meses depois, tudo mudou. "Aquilo morreu, não existe mais. Estou gravando a novela, trabalhando muito. Não quero pensar nisso agora", desconversa.
Lima Duarte, na verdade, já está com a cabeça em outro projeto _já que só tem mais duas semanas de gravações em I Love Paraisópolis. Está de olho em um personagem de Velho Chico, novela de Benedito Ruy Barbosa que substituirá A Regra do Jogo em março. "É um universo que me agrada", justifica.
fonte: http://noticiasdatv.uol.com.br