“Linda como um neném” — como diz o primeiro verso de “Totalmente demais”, cotada como música-tema da próxima novela das sete da Globo —, Marina Ruy Barbosa é referência quando o assunto é beleza e elegância. Sempre impecável em fotos e eventos, com roupas decotadas, salto alto, o sedoso cabelo ruivo muito bem penteado e a maquiagem perfeita, esse mulherão passou por uma desconstrução e tanto para viver Eliza, a garota pobre e rebelde da trama criada por Rosane Svartman e Paulo Halm que vai substituir “I love Paraisópolis”. A partir de 9 de novembro, data de estreia da nova novela, a atriz será vista na TV completamente desprovida de vaidade.

— O cabelo desgrenhado e o figurino maltrapilho são necessários para a construção de Eliza. Ela não seria tão real se fosse mais arrumada e estilosa. A vida dessa menina é dura, ela não tem esse tipo de preocupação — conta Marina, que abandonou alguns cuidados estéticos para tornar a personagem mais crível: — Deixei as sobrancelhas crescerem e não posso fazer as unhas, porque esmalte é coisa distante da realidade dela.

De pele alva, a atriz também tem passado por sessões de bronzeamento a jato:

— Eliza fica debaixo de sol o dia inteiro, porque mora e trabalha na beira da estrada. Por isso, também tive que fazer umas mechas louras no cabelo, para ele parecer mais queimado em cena. Gravamos durante uma semana em Cachoeiras de Macacu (no interior do estado), onde conhecemos famílias na mesma situação.

Em “Totalmente demais”, Eliza é uma garota sonhadora, mas pouco romântica. Ela mora com os irmãos, a mãe Gilda (Leona Cavalli) e o padrasto Dino (Paulo Rocha) na cidade fictícia de Campo Claro, e idealiza conhecer o pai, em quem vê a salvação para seus problemas. No trabalho, a moça serve os caminhoneiros do balcão de um bar; em casa, precisa se esquivar das investidas do homem que a criou e que passou a enxergá-la com olhos maliciosos quando ela cresceu.

— Ela tem o sonho de sair daquele lugar, de ajudar a família. Por tudo o que passa na vida, ela vai endurecendo, fica mais bruta, na defensiva, e até um pouco desbocada — adianta Marina, atriz de fino trato: — Não costumo falar palavrão como ela, só quando estou muito irritada (risos). Eliza é muito diferente das personagens que já fiz. Isso é inspirador e motivador.

A vida da personagem dá a primeira virada quando, numa situação limite de assédio, ela foge de casa e pega uma carona até o Rio, onde passa a morar nas ruas. Ali, conhece Jonatas (Felipe Simas), um rapaz que vende balas nos sinais de trânsito. Carismático, ele vai quebrando o gelo do coração de Eliza e a incentiva a vender flores para sobreviver.

— Ela é muito forte, guerreira, vai se adaptar às dificuldades — adianta Marina, que esteve com Simas no Centro da cidade se inteirando desse universo: — Ficamos um tempo observando as pessoas vendendo coisas nos semáforos. Engraçado é que elas não nos reconheceram de cara, mas ficaram muito desconfiadas.

Quando a forte amizade está quase se transformando em amor, Eliza conhece Arthur (Fábio Assunção), dono de uma agência que enxerga nela potencial para se tornar uma modelo de sucesso. É quando sua vida dá uma guinada.

— A novela é um conto de fadas moderno, fala da esperança e da capacidade de transformação do ser humano. Eliza é uma mocinha que erra e se arrepende. Não fica esperando o príncipe encantado no cavalo branco, vai atrás de suas vontades, batalha pelo que acredita — define Marina, que achou curioso quando soube que faria par romântico com o Fábio Assunção: — Lembro de mim pequena, assistindo a cenas dele, galã, em “Celebridade”. Quem diria!

Aos 20 anos, a atriz se diz pronta para viver sua primeira protagonista em novelas:

— Ser protagonista tem, sim, seu peso. Mas não fico pensando nisso ou me pressionando. O trabalho é do todo, e não só meu. Eliza chega num momento em que me sinto preparada. Está sendo um grande aprendizado para mim, eu a admiro demais!