Thaíssa Carvalho veste a moda deste verão e diz que sua Turbinada, de ‘A regra do jogo’, mexe com a insegurança dos homens
Era uma terça-feira de 40°C no Rio quando Thaíssa Carvalho encontrou a equipe da Canal Extra para fotografar e conversar sobre sua carreira. Para aguentar o calorão e o sol intensos, um macaquinho, óculos escuros e muita água. O cenário de glamour do hotel não a intimidou. Com um sorrisão, ela deu seu “boa tarde”. O jeito descontraído facilitou ao concierge lhe pedir uma selfie e contar que a filha é sua fã. O motivo? Andressa Turbinada, a funkeira 171 que a atriz interpreta em “A regra do jogo”.
— As crianças adoram! Música atrai muito, né? — diz Thaíssa, contando que é surpreendida nas ruas com conversas bem-humoradas repercutindo o papel: — Antes, Andressa era bem má. Cheguei até a pensar que ela pudesse ser ligada à facção. Como em outras tramas da novela a maldade é bem marcante, fomos aliviando. Agora, as pessoas vêm sorrindo para mim.
É com o mesmo bom humor que a atriz de 33 anos encara a sessão de fotos de maiô e biquíni, no clima do verão, mas cheia de cuidados para não mostrar demais.
— Tento me descolar dessa imagem de mulherão do papel da TV. Muita gente acredita que a atriz também é aquilo. Só que ninguém vai me ver de short curtinho ou biquíni supercavado na praia. Prefiro as peças um pouco maiores para ficar confortável para fazer esportes. Jogar altinha, por exemplo — explica.
Além de colocar o corpo para suar, o verão é a estação preferida da irmã do engenheiro Jamerson Araújo, de 27 anos, e filha dos aposentados Jorge Araújo e Darly Carvalho, de 66 e 67 anos, respectivamente.
— Tínhamos o costume de viajar juntos para algum lugar de praia, sempre carregando nossos melhores amigos com a gente — lembra o irmão da atriz, que sofria com o ciúme ao ser chamado de “cunhado” pelos amigos por causa da beleza da irmã famosa, a “Manabrown”.
Thaíssa conta que aproveita mais a estação quando está de férias.
— Ir à praia, para mim, é um evento. Colocar cadeira no carro, pegar trânsito, encontrar vaga para estacionar... Confesso que às vezes me dá preguiça. Eu não moro na Barra, né? (risos) — brinca a moradora do Méier, na Zona Norte do Rio.
A postura comedida com relação ao programa mais adorado pelos cariocas, contudo, é recente.
— Uma vez, queríamos passar as férias em Búzios. Então, pegamos um trabalho de divulgação para uma marca de balas com fibras em Cabo Frio, distribuindo amostras. Íamos para lá de manhã e, após o trabalho, ficávamos numa casa alugada no balneário para curtir o resto do dia. Aquilo se tornou muito engraçado porque Thaíssa estudava Nutrição e sempre tinha que responder a quem questionava se a gente sabia o que eram fibras. Ela explicava tudo! E blá, blá, blá... Acabávamos demorando muito mais! — recorda a advogada Carla Pereira, de 41 anos, amiga de infância.
Dos primeiros anos de vida até hoje, é com a mesma vizinhança que a atriz convive no bairro do subúrbio. É de lá a foto do início da construção de seu próprio quarto — ela divide o espaço com o irmão —, em novembro de 2014, apontado por ela como sonho de consumo, que gerou repercussão na internet. O assunto levou a atriz a desmitificar o glamour da vida artística. Hoje com a obra parada devido ao trabalho, ela enfatiza que continua a favor de mostrar a realidade a seu público.
— As pessoas estão carentes de coisas de verdade. No Instagram, a foto tem que ser perfeita, incrível. Mas o que é impecável não tem luta, não mostra a batalha. Uma bolsa Chanel não cai na cabeça, minha gente! Se estão usando look de R$ 40 mil, é emprestado. Alguns artistas criam padrões inatingíveis e o público começa a surtar acreditando nesse mundo — desabafa.
Em cada depoimento, Thaíssa deixa claro que, assim como no dicionário, o sucesso vem depois do trabalho. Diferentemente de Turbinada, que rebola para esconder seus trambiques e foge da labuta honesta, Thaíssa já deu expediente vendendo bijuterias, ajudando na produção de eventos de camarotes e até dançando funk.
— No fim dos anos 90, com uns 17 anos, ela foi uma das dançarinas do movimento New Funk Street, um grupo que propagava as coreografias para recuperar a imagem do funk, que vinha de uma fase ruim com as brigas dos bailes. O pai a acompanhava nas apresentações. Hoje, ela está mandando superbem na novela. A escola dela é boa! — orgulha-se DJ Marlboro, que também já morou no Méier.
O papel na novela das nove, além de recuperar o passado da atriz com o funk, trouxe um efeito curioso no público masculino:
— Quando interpreto um mulherão, o assédio diminui. Acho que esse poder mexe com a insegurança deles. Na verdade, é muito mais tranquilo viver quando estou fora do ar (risos).
Mas algo é certo: os papéis com sex appeal abrem caminho para propostas de outros nichos. A empregada Cida de “Viver a vida” (2009), por exemplo, gerou abordagem de revistas masculinas para ensaios sensuais, todos negados. Hoje, ela admite, a sondagem reduziu. Mas Thaíssa não sente falta.
— Na época, eu nem quis saber quanto pagariam. Ficou tudo com o escritório que cuida de mim. Acredito que, no passado, muitas atrizes posavam nuas num determinado momento profissional, com uma imagem estabelecida. Eu teria que construir melhor minha carreira artística — relativiza, enfatizando que é difícil haver propostas tentadoras no cenário atual: — Não se paga mais um dinheirão. Posar nua já foi considerado um modo de transgressão, hoje se faz com tanta facilidade que ver uma mulher pelada perdeu o encanto. Sem contar que eu pensaria também na viralização das fotos, no conteúdo que não é protegido... Por um bom personagem, eu faria. O nu pelo nu não adianta nada.
O pé firme na decisão é reflexo da experiência de Thaíssa com outro tipo de exposição. Mesmo sem se considerar famosa, a carioca teve a vida pessoal acompanhada pela imprensa brasileira e internacional durante o relacionamento de dois anos com o jogador de futebol do Barcelona e da seleção brasileira Daniel Alves. O namoro teve fim em julho de 2014.
— Se ex fosse bom, a Bíblia não mandava a gente amar o próximo, né? — brinca, tentando mudar de assunto, dizendo que não está à procura de um novo amor: — Relacionamento é hora, é momento. Quando a gente se esforça muito para aquilo dar certo, tem alguma coisa errada. Mas também não sou da caça nem tenho muita paciência para joguinhos de paquera. Estou amando meu trabalho, casadíssima com Turbinada. E só.
Com dez anos de trajetória, desde o primeiro convite, Thaíssa garante que o coração bate mesmo é pela profissão. Ao recordar a luta e frisar que sempre foi contratada por obra, ela vai às lágrimas durante a entrevista.
— Ela sempre foi muito perseverante. Nunca a vi desistir de seus sonhos — orguha-se o irmão, Jamerson.
No fim da faculdade de Nutrição, na Uerj, a atriz conseguiu um estágio no restaurante do Projac para se aproximar do sonho. Ali, alcançou o primeiro papel de destaque, a índia Aiiena, de “Alma gêmea” (2005), depois de algumas pontas e figurações, e teve a resposta para as incertezas na carreira.
— Jorge Fernando (diretor) me ajudou muito. Nem ele deve ter essa consciência. Fiz uma cena com muito cuidado no primeiro capítulo da novela. Depois, ao me encontrar trabalhando no restaurante, ele disse: “Olha, você é muito boa atriz e tem carisma. É só ir no seu caminho que não vai fazer nada errado. Vai chegar lá”. Eu precisava ouvir que era possível. Ele me deu um respiro para acreditar, sabe?— recorda-se.
Assim como o conselho do diretor a confortou, Thaíssa sabe que uma palavra de incentivo é capaz de transformar histórias. Foi com a mesma atitude que ela ajudou a fã mineira Lidia Rosa, de 32 anos, a se livrar da depressão.
— Eu respondi um e-mail dela com um texto otimista. Tento compartilhar um pouco do que aprendi. Assumir a postura de mudar o mundo é utópico, mas pode-se fazer aos poucos — reflete.
Parceira no site que leva o nome da atriz na web, a nutricionista Bárbara Martins, de 35 anos, reforça a boa alma da artista:
— Thaíssa é isso o que muitos veem: amiga e autêntica.
A vizinha Carla Pereira faz coro e chama a atenção para outra característica que sobressai na amizade:
— Ela é ajuizada e muito confiável. Como não bebe, sempre foi a melhor e mais disputada companhia para sair, a motorista oficial das amigas (risos).
Até na hora da dieta, a musa deixa de lado as frescuras e prefere socializar com quem não está de olho na balança por causa de um personagem.
— Sou saudável, mas não neurótica. Gosto de fazer bolo no domingo e é sempre com glúten e a família unida. Os pequenos prazeres da vida estão nessas coisas: numa guloseima, numa viagem com os amigos, num passeio de verão... E viva ele! Para aproveitar, curtir e ser feliz! — encerra.
Créditos
Beleza: Karlla Azevedo
Styling: Close in closet
Agradecimento: Hotel Vila Galé
Thaíssa Carvalho usou:
Bianca Gibbon (biancagibbon.com.br)
Claudia Arbex (claudiaarbex.com.br)
Elo Acessórios (eloacessorios.com.br)
Haight Clothing (facebook.com/haightclothing)
Hi-Lo (facebook.com/hilostore)
Ivo Minoni (ivominonidesign.com)
Le Specs (lespecs.com)
Santa Lolla (santalolla.com.br)
Vila Effetti (villaeffetti.com.br)
Vix (vixbrasil.com)
fonte: http://extra.globo.com