‘Babilônia’ chega ao fim sexta-feira, após enfrentar rejeição e apresentar tramas sem fôlego para conquistar os telespectadores
Em pouco mais de cinco meses no ar, “Babilônia”, que chega ao fim nesta sexta-feira, foi provocativa e polêmica. Os autores Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga mostraram que estavam dispostos a trabalhar temas instigantes já no primeiro capítulo da novela, com o beijo gay entre Teresa (Fernanda Montenegro) e Estela (Nathália Timberg). Não foi o bastante! Houve rejeição de parte do público, e grupos conservadores chegaram a fazer campanha contra a novela. Apesar do elenco repleto de medalhões, a audiência não decolou de acordo com as expectativas do horário — na reta final, o máximo alcançado no Rio de Janeiro foi 37 pontos —, e o folhetim sofreu com inúmeras alterações. Mesmo assim, para Linhares o trabalho foi um sucesso.
— Babilônia é, atualmente, a maior audiência da TV brasileira e o programa mais comentado e de maior repercussão. É puro entretenimento, não é para levar a sério demais. O que vale é a diversão — pondera o coautor, que resume: — A novela é a queda de Beatriz (Gloria Pires), a vitória de Inês (Adriana Esteves) e a ascensão de Regina (Camila Pitanga).
Intérprete de um dos pilares do enredo, Gloria avalia a novela de maneira positiva, apesar dos percalços pelo caminho:
— Beatriz une coisas difíceis de estarem juntas. No início, houve uma expectativa sobre o que ela seria, mas os autores resolveram todos os problemas. Ela entra na galeria de personagens emblemáticas de minha carreira.
Tão inescrupuloso quanto a ex-poderosa da Souza Rangel, Aderbal Pimenta, o corrupto prefeito de Jatobá vivido por Marcos Palmeira, usou seu poder de sedução populista para fazer barbaridades sem sofrer punições. Talvez por representar um tipo reconhecido nos noticiários, conquistou a simpatia do público, que costuma rir de suas próprias desgraças.
— A família Pimenta aborda assuntos atuais. Eu sabia que, de certa forma, chamaria atenção — afirma Palmeira.
Entre as frustrações, Ivan (Marcello Melo Jr.) e Carlos Alberto (Marcos Pasquim) formariam um casal gay. Mas a rejeição do público feminino por ver o galã na pele de um homossexual mudou os rumos. Pasquim virou um mocinho comum. Para Marcello, sobrou um novo par, Sérgio (Cláudio Lins), e o drama do final, que o deixou paraplégico, rendeu ao ator cenas comoventes.
— O público ficou tão chocado com o acidente que o que fica é a sensação de um trabalho bem construído e aceito — diz Marcello.
ALTOS
Mais uma vez, Gloria Pires deu show na pele de Beatriz. Diva!
Apesar da polêmica que o sucedeu, o beijo entre Estela (Nathalia Timberg) e Teresa (Fernanda Montenegro), logo no primeiro capítulo, foi uma quebra de tabu.
O núcleo de Jatobá caiu no gosto popular. A dobradinha entre Marcos Palmeira e Arlete Salles (Consuelo) foi um acerto.
Os casais Norberto (Marcos Veras) e Valeska (Juliana Alvez) e Laís (Luisa Arraes) e Rafael (Chay Suede) cativaram o público.
Com trejeitos marcantes de Carminha, de “Avenida Brasil”, no início, Adriana Esteves conseguiu se reiventar e fazer de Inês uma vilã com perfil próprio.
BAIXOS
A disputa entre Beatriz e Inês, que um dia foram amigas, virou uma brincadeira de gato e rato e se tornou repetitiva ao longo da novela.
Regina, inicialmente uma mocinha histérica, não emplacou e sofreu uma transformação visual careta na reta final. Par romântico do advodago Vinícius (Thiago Fragoso), não cativou o público com sua história de amor. Ela chegou a namorar Carlos Alberto (Marcos Pasquim)
Werner Schünemann, que surgiu como todo-poderoso do morro, fez figuração de luxo na novela.
Bruno Gagliasso mais parecia o Edu de “Dupla identidade”, seu personagem anterior na TV. Na novela, ele se revelou um psicopata ávido por dinheiro.
O sumiço de Daisy Lúcidi da da história foi uma lástima e não teve explicação.
Faltou química ao casal Evandro (Cássio Gabus Mendes) e Alice (Sophie Charlotte).
Em dado momento, a novela parecia um seriado sobre a delegacia do Leme, comandada pela delegada Vera (Maira Charken), dada a quantidade de gente e histórias que passavam por lá.
Maria Clara Gueiros é engraçada, mas precisa mostrar que pode ir além do que fazia no “Zorra total’’. Sua Karen era estridente demais e não cativou.
fonte: http://extra.globo.com